sábado, 9 de maio de 2009

Sabe qual é uma das melhores sensações que você me proporciona? Não?!
Pois quando o amanhã esta para chegar, eu olho para a janela e vejo o céu calmamente clarear. Ou as vezes são os primeiros raios de sol que observo invadirem o quarto sutilmente, tímidos ao tocarem novo território. Então, ainda deitado eu olho para o lado, e em meio aos lençóis e o perfumado travesseiro que se encontra ali eu te vejo. Ainda em teu sono. Teu cabelo negro e longo atravessando tuas costas desnudas. Eu lhe abraço, sinto teu perfume, e apesar de seus olhos continuarem ainda fechados, de sua boca emerge um singelo e gracioso sorriso. E é assim que aos poucos você vai acordando. Exalando de seu corpo seu perfume. Sua fragância própria que causa inveja até para os mais agradavéis cheiros trazidos pela primavera.
E quando isso acontece, a certeza que me é dada é que ganhei meu dia. Não há melhor amanhecer do que este ao teu lado. Que só me faz desejar acordar mais uma vez para poder abrir meus olhos e venerar aquela visão. Sentir novamente as sensações que me passam em corpo e mente. És alimento para minha alma. Alimento para minhas palavras. Que percorrem páginas formando textos, tentando inutilmente descrever o que não posso dizer em toda sua totalidade. Mas elas sabem fazer-lhe sorrir. E por isso tenho tanto esmero em transmiti-las para ti.
Você me fala com olhos cheios de brilho. Me acorda durante a noite falando sobre desejos e ambições. Fala sobre uma cabana e seus personagens residentes nela. O quão felizes são em enchergarem uma felicidade na simplicidade das coisas.
Então eu desejo isto. Desejo esta cabana.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Alice


Ela vagarosamente desceu os degraus da escada. Suas pernas ainda doíam. Uma dor latejante, adquirida pelas várias horas que caminhara naquele mundo sem rumo, que até a pouco não levava a lugar algum, até que avistou aquela estranha casa de velha e nova madeira. Tão pequena e grande. Coberta por um pouco de lodo e com rachaduras provocadas pelas intempéries. Tendo um grande e redondo relógio de prata fixado em sua porta. Onde se via seus ponteiros sempre a rodar em ritmo frenético ou sempre a ficarem imóveis, sem vida. Era tudo isto ou nada disto. Dependia dos olhos que criavam coragem de encará-la. Do que se deseja ver. E ela quando na porta chegou não encontrou resistência alguma, e ao abri-la provocou o som de madeira rangendo, assim como rangia a longa escada que cautelosamente percorria. Demorou-se pouco ou muito, não se lembra. Apenas em dado momento deparou-se com o fim do corrimão e seus degraus. Os pés protegidos apenas por sua gasta e rasgada meia, experimentaram um chão frio como se uma fina lâmina de gelo atravessa-se eles, fazendo com que a garota caísse de joelhos ao chão, e um gemido quase sem forças dela partiu, tamanha fora a dor que tomou conta de seu corpo. E ela juraria que em pontas de faca pisava se não houvesse passado suas mãos sobre o peito dos pés, tateando a procura de algo que confirmasse o que sua mente imaginava. Mas nada encontrou. Seus olhos ficaram pesados e tudo a volta era apenas escuridão. Já não havia mais escada, já não conseguia ver teu próprio corpo. Olhava para o nada, para o desconhecido. Para a escuridão que assola e que tanto cria medo nas pessoas. Que não deixa que se possa dar mais um passo sem fazer com que na mente cresça o pensamento de algo perder. De se perder. Se antes já se sentia sozinha, agora então ainda mais. Porém, daquela escuridão se criou uma gargalhada. E ela pode ver um par de olhos. Olhos grandes, que carregavam malícia e acompanhavam aquela sádica risada que ecoava a volta, cada vez mais fraca e que aos poucos foi morrendo. Seus pensamentos foram povoados por diversas coisas e sua imaginação trabalhou como nunca para tentar botar em moldes da realidade e de sua compreensão o que poderia ser aquilo. Não sentia medo, mas um fragmento de inquietude por não saber do que se tratava. E a inquietação lhe provocava raiva. E a raiva se personificou com suas mãos a agarrarem seu curto “vestido de menina no corpo de uma mulher”, e suas unhas mal-cuidadas começaram a penetrarem na carne de sua coxa, lhe despertando do estado que estava. Ela se viu em uma pequena sala empoeirada, com pequenina porta e com estantes de grossos livros e um pequeno banco de madeira quebrado. E em volta daqueles grandes olhos que se revelaram no escuro, se criou a peculiar figura de um coelho. Apoiado apenas em suas patas traseiras, imitando uma postura humana, com um blazer de cor roxa lhe dando ar de elegância e um pequeno relógio sem ponteiros em uma mão e um molho de chaves noutra. Ainda sustentava um largo sorriso e com um barulho insuportável de sua risada, com dentes grandes e amarelados a mostra.
“Olá Alice!” – Ele disse com voz contida em meio a risos e logo desatou a correr em direção a pequena porta e após abri-la com uma de suas várias chaves a atravessou e deixou entreaberta.

A garota ficou surpresa. A muito não escutava aquele nome. E mal o coelho começou a correr, ela foi em seu encalço sem pronunciar palavra alguma. Mas ao abrir a porta por onde ele havia passado, se deparou com pequenina sala de chão ladrilhado de preto e branco sob fraca luz de uma lamparina prendida ao teto. Para passar teve que se espremer por entre a porta, primeiramente pondo suas pernas para dentro e depois com dificuldade o resto do seu maduro corpo de mulher. Sentiu-se tentando adentrar em uma casa de bonecas. Tão deseja em sua curta infância. O coelho sempre a sorrir assistia seu esforço em tentar ganhar espaço ali. E não menos que uma vez, conferiu seu relógio.

“Como cresceu Alice. Como os anos se passaram e teu sorriso se tornou mais misterioso. Quanto tempo durou para que sua beleza apenas aflorasse? Talvez eu pudesse medir tua idade através das rugas que ganhei e pelos pêlos que caíram do meu corpo. Mas não possuo mais tempo. Não por agora.”

“Do que você fala? Eu estou a não entender nada. Como sabe o meu...”

“Tudo no seu tempo minha querida Alice. Por agora estamos atrasados e devemos ir.”

“Atrasados! Mas para que?”

“Para a sua história. Para viver a sua história.”

(...)



terça-feira, 5 de maio de 2009

Boas Vindas!

Chiara???*

Eu tentei Delirium, Choronzo, Sandman... mas talvez sejam nomes batidos e por isso não deram muito certo. Chiara... de onde veio isso mesmo??? Vai saber. Talvez li em algum lugar, revista... algum nome de algo. Um filme, um jogo. Mas talvez eu quisesse que fosse aquela que apareceu certa vez nos meus sonhos. Nunca vi ela, a não ser nas terras do "Sonhar". Que chegou de uma maneira diferente, relativo ao "como" os outros costumam chegar. Que desafiou várias formas de tentar descrevê-la, as definições que apenas limitam sua pessoa. Chiara...
Certa vez ele (???) disse: "Ela não existe. O que tanto procuro nunca encontrarei. O que seria pior, tentar alcançar algo que sabe que nunca conseguirá, ou morrer sem realizá-lo?"
Foi um comentário de alguém que não espera mais nada da agitada e variável Vida.
Mas ele (???) recebeu como resposta: "Então crie. Dê vida a ela."
E em homenagem a ele (???), ou talvez a este pensamento, aqui crio Chiara. Não sei se vai ser tudo o que ele (???) queria, mas desde já vamos lhe conceder um sopro de vida.
Coisas sérias, irônicas, comentários babacas, reflexões filosóficas, peculiares, misteriosas, pensativas. O que a alma querer transformar em palavras para comunicar com muitos ou poucos. Ou simplesmente para satisfazer-se.

Espero que goste(m), assim como espero gostar.
Desde já grato por elogios e críticas. E fique(m) à vontade.


Compostella